MARIA EDUARDA

Provavelmente este será dos poucos textos, senão o único, que irei escrever sobre esta pessoa.

Eu não falo muito sobre ela, se falasse ninguém iria perceber o estrago que ela fez em mim. Os amigos também ferem. Ela era a minha melhor amiga, eu amava-a como se ela fosse do meu sangue, como se ela fosse minha irmã, aliás, eu talvez lhe tenha dito isso algumas vezes.
Não, a Maria Eduarda não morreu.
Conhecemos-nos no décimo ano. Eu gostei da maneira dela ser mal a vi, o nariz empinado, as expressões faciais tão claras quanto as minhas, o riso ridículo dela e quando eu gosto de uma pessoa à primeira impressão raramente me engano, a Maria Eduarda não era para ser uma das excepções, que na verdade não foi durante alguns anos. Nunca fomos muito próximas durante o tempo em que ela andou na escola, mas sem explicação quando ela saiu da escola para ir viver para o meu país de sonho, a nossa relação melhorou muito. Chegou a um ponto que eu via a Maria Eduarda todos os dias mesmo não morando na mesma cidade. Apesar da relação não ser perfeita, nós dávamos-nos mesmo muito bem, passávamos horas a conversar no café ou no terraço na casa dela, a beber vinho, a fumar cigarros, a rir, a chorar, de alguma maneira quando não estávamos de acordo com algum assunto acabávamos por tentar perceber o ponto de vista uma da outra, tudo sempre se resolveu. Então, o que aconteceu?
A Maria Eduarda perdeu-se de mim, perdeu-se de todas as nossas conversas de horas, perdeu-se dela própria. Depois do que aconteceu eu nunca mais serei capaz de confiar em nenhuma Mulher cegamente como confiei nela.
Esta é das histórias mais tristes da minha vida porque apesar de a ter perdoado percebi que não existem interruptores para esquecer as decisões que as pessoas tomam na vida delas, decisões que apesar de não terem consequências directas na minha vida me magoaram muito, me fizeram duvidar/questionar todo o meu passado e por sua vez todo o meu futuro, bem como as pessoas que nele irão existir.
A história exacta não vos irei contar mas sei que muitos de vocês irão identificar uma/umas Maria Eduarda nas vossas vidas por diversas razões, acções, atitudes (...) talvez nenhuma igual a minha, talvez muitas parecidas, o certo é que essas mesmas pessoas desempenharam um papel na nossa vida muito importante e marcante.
Do meu ponto de vista o pior não foi a decisão que ela tomou ter arruinado a nossa relação para sempre, do meu ponto de vista o pior foi ter perdido a minha melhor amiga, foi a consequência que perde-la trouxe : "Se a minha melhor amiga foi capaz de fazer isto comigo, eu não posso confiar em ninguém.".
Os presentes na minha vida pediram-me para te agradecer toda a confiança que eu não lhes consigo dar.
COM AMOR e IMAGINAÇÃO
Isabel Faria

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